Como Voltaire e Diderot fizeram dinheiro com uma imperatriz russa

Domínio público Retrato de Catarina, a Grande, por Fiódor Rókotov, 1763
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A correspondência, assim como as visitas e conversas privadas entre filósofos, monarcas e aristocratas, tornou-se moda no século 18 e frequentemente tinha interesse não apenas intelectual, mas também financeiro.

Jean-Jacques Rousseau recebia uma pequena pensão vitalícia de Karl Friedrich, Margraviato de Baden. Jean Leron d’Alambert, por sua vez, recebia uma pensão de Luís 15. No entanto, filósofos iluministas franceses Denis Diderot e Voltaire tornaram-se recordistas na troca de ideias por dinheiro. Ambos mantinham contatos regulares com a imperatriz russa Catarina 2ª, e ela os pagava não apenas com respeito, mas também em moeda corrente.

Domínio público Retrato de Denis Diderot por Louis-Michel van Loo, 1767
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Em 1765, Catarina 2ª comprou a biblioteca de Diderot por 15.000 libras, permitindo-lhe permanecer como guardião com um salário vitalício de mil libras por ano. Em 1773, Diderot viajou a São Petersburgo, onde passou vários meses em conversas diárias com a imperatriz. Nesses diálogos, ele criticou fervorosamente a servidão e seu regime, em geral. No entanto, Catarina queria ter a reputação de ‘monarca esclarecida’, por isso, tolerou os ataques, pagou suas despesas de viagem e lhe deu um anel de diamante — que o filósofo guardou como uma relíquia até sua morte. Diderot chegou a declarar que vendia livros, mas não a si mesmo. Embora, em seus melhores anos, o pensador faturasse como um burguês rico, ele não conseguiu fazer grandes economias – gastava muito ajudando outros filósofos e publicando livros.

Domínio público Retrato de Voltaire por Jacques-Augustin-Catherine Pajou, 1811.
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Voltaire era mais flexível. E, como resultado, muito mais rico. Ele recebia dinheiro dos reis Frederico 2º da Prússia e Luís 15 e investia em seus negócios. Mas sua principal patrocinadora das artes era a imperatriz russa Catarina 2ª. A correspondência entre eles durou 15 anos e os pagamentos representavam quase metade da renda do filósofo. Catarina lhe atribuía grandes somas e também pagava dívidas periodicamente, — que o filósofo conseguia contrair, mesmo com uma renda tão alta. Por outro lado, Voltaire era responsável pelas relações públicas da imperatriz na Europa, chamando-a de “a filósofa no trono” e oferecendo apoio à sua política externa. Em 1778, após a morte de Voltaire, a imperatriz comprou a biblioteca inteira do filósofo por 135.000 libras (o equivalente ao orçamento anual de uma cidade pequena).

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